Escrever ou comunicar-se. O que vem primeiro?
Escrever ou comunicar-se. O que vem primeiro?
A necessidade de interação é algo inerente ao ser humano, pois, afinal de contas ninguém é uma ilha, concorda? Em outras palavras, não fomos formados para viver isolados de tudo e todos. Desde a infância e enquanto brasileiros, desenvolvemos diferentes maneiras de dizer o que queremos em língua portuguesa.
Partindo dessa analogia, passamos a compreender que comunicar-se é algo imprescindível e essa habilidade será desenvolvida de variadas formas para chamar a atenção dos que estão à nossa volta. A princípio, os pais serão o primeiro alvo das abordagens, já que os tais nos oferecem o lar como primeiro contexto social.
A partir desse dele, teremos acesso aos demais e assim por diante. As interações só tenderão a evoluir porque desenvolveremos outras estratégias mais eficientes de comunicação, a cada espaço que tivermos acesso. Assim somos nós.
Mas, preste bem atenção, viu?
Contudo, gostaria de chamar a atenção que em todas as colocações feitas, a escola terá um marco fundamental na vida de todos nós porque nela teremos a oportunidade de conhecer a sistematização de vários conhecimentos que regem os diferentes contextos sociais, principalmente quanto ao nosso idioma.
Sim. É isso mesmo: nosso instrumento maior de interação - a língua portuguesa. É partir da frequência à escola que começaremos a perceber, estudar e entender que ela tem dois lados: a formalidade e a informalidade, isto é, a primeira percepção tem como base as regras gramaticais e a segunda o lado espontâneo das interações.
Por favor, quando falo do lado informal ou espontâneo da língua portuguesa não estou querendo afirmar o falar de qualquer jeito. Não, não é isso. Apenas estou querendo dizer que na maneira como interagimos com os outros diariamente não seguimos as regras da língua na íntegra.
Quero dizer que temos liberdade comunicativa sem, contudo, atropelar o uso correto da língua e cometer erros escabrosos que podem comprometer nosso perfil, enquanto estudantes, enquanto profissionais.
É quanto a este aspecto que chamo a atenção de todos porque a gente aprende a se comunicar a partir da intervenção do outro, até porque temos necessidades que precisam ser satisfeitas e o outro precisa ser, na maioria das vezes, os interventores que facilitarão a saciedade do que nos incomoda, do que nos impulsiona.
Logo, antes de chegarmos à escola, já possuímos certa carga de conhecimento de mundo, a qual começará a ser moldada com base nos estudos sistematizados das regras gramaticais, a fim de nos fazer perceber que tais regras foram construídas também nas interações de mundo. Assim foram organizadas.
Ou seja, quando chegamos à escola, a construção da escrita será a segunda etapa do aprendizado da língua porque primeiro aprendemos a nos comunicar com base na informalidade. A escrita virá em segundo lugar porque irá exigir de nós o conhecimento contido naquilo que já estava organizado.
E aí, compreendeu o recado?
Então, precisamos entender que mesmo já falantes do português e a fim de melhor nos preparar para a vida de um modo geral, não podemos desprezar o conhecimento do lado formal da língua, o qual nos abrirá portas para termos acesso a diferentes contextos, onde não se aceita o uso da informalidade.
Imagine se vivêssemos em um país que chovesse os trezentos e sessenta e cinco dias do ano! Seria agradável? - Ou imagine o contrário: se vivêssemos esse mesmo período ensolarado, sem uma gota de chuva. Seria legal? Certamente não porque precisamos da intervenção das estações para gerar equilíbrio ecológico.
Não se pode desprezar um fato em detrimento do outro. Assim também é a língua portuguesa. Precisamos conhecer o valor da informalidade, mas também valorizar a sua formalidade porque ambos se complementam para mediar nossas interações com equilíbrio em qualquer contexto social. Pense nisso.
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